Depois que Poder Judiciário suspendeu o concurso da escolha da rainha e princesas da Festa do Agricultor da cidade de Ermo, no sul de Santa Catarina, o deputado estadual Jessé Lopes (PL), que foi o pivô da decisão, deu uma entrevista para a rádio Cidade, de Criciúma, na sexta-feira, 21, dando a sua opinião.
O deputado estadual foi acusado de transfobia pela candidata Alice Inácio, candidata transsexual que concorria ao concurso de beleza da festa. Ela acusou Jessé de parcialidade nas notas por causa de comentários feitos por ele nas suas redes sociais.
No último dia 7 de julho Raíssa Miguel foi eleita a rainha da festa, tendo como 1ª princesa Kailani Piazzoli de Moraes e a 2ª princesa Ana Cristina de Souza Borba. Elas foram eleitas para um período de dois anos.
De acordo com Jessé, o judiciário se baseou de informações que não condizem com a realidade. “Hoje em dia eu já não espero mais nada de absurdo deste judiciário. Eu acho que tudo é normal e tudo pode acontecer. Uma juíza que acha que meu critério foi preconceituoso, a partir daí eu já não duvido de mais nada”, disse o deputado estadual.
Para ele, não há preconceito algum por parte dele e apenas considera injusta a participação de candidatas trans em competições femininas. “Eu nunca escondi, inclusive tenho Projetos de Lei que proíbem a participação de mulheres trans em eventos ou esporte de mulheres. Isso não é ser preconceituoso, é uma crítica que eu tenho à situação, mas eles usam desta arma para silenciar quem é da oposição”, concluiu.
Na entrevista que Jessé deu para o jornal O Globo, do Rio de Janeiro, ele afirmou que “o edital não excluía a participação de jurados que fossem contra a participação de trans”. Ele também afirmou que fez uma avaliação “em cima dos critérios prescritos no edital”.
“Acontece é que a candidata trans não tem o dom da beleza e desfilou muito mal mesmo. Dei a nota que mereceu”, finalizou.
Todo esse imbróglio fez com que a Prefeitura Municipal de Ermo cancelasse a 7ª Festa do Agricultor e 5ª Arrancada de Tratores, que seria realizada entre os dias 14 e 17 de setembro.
Em nota, a prefeitura afirmou que a decisão foi difícil e que “O intuito da festividade sempre foi unir o povo ermense e, diante da animosidade estabelecida, infelizmente, tal objetivo não estava mais sendo alcançado”.
“Destaca-se que não é momento para encontrar culpados. Muito pelo contrário, o que se busca, agora, é a união da comunidade, a fim de que, em um momento futuro e oportuno, possamos novamente estarmos unidos, celebrando nossa cultura e nossa gente”, afirma a nota.
A prefeitura também anunciou que os compromissos assumidos serão revisados e tratados com responsabilidade.
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