Em época de eleição os candidatos fazem seus planos de governo com inúmeras propostas baseados apenas naquilo que o eleitor gostaria de ter na sua cidade.
Geralmente os principais pontos dizem respeito a saúde, educação e transporte, deixando muitas vezes de lado outros assuntos mais complexos e espinhosos, como o desenvolvimento econômico, aumento de receita e dívidas da Prefeitura.
Em cada eleição os candidatos aparecem com um tema central que acaba sendo o mote da campanha e todos passam a prometer a mesma coisa, mas sem nenhum estudo técnico que permita mostrar que realmente aquilo é viável para a cidade.
O que mais estamos ouvindo em 2024 é que os candidatos querem implantar a tarifa zero no transporte coletivo, principalmente nas maiores cidades, para tentarem salvar um transporte público que começa a ser deixado de lado pelo usuário por conta da baixa qualidade e do alto valor da passagem.
E em Santa Catarina, o principal exemplo que está sendo usado é o da cidade de Balneário Camboriú. Lá já tem o transporte público com tarifa zero, mas porque lá é possível e em outras cidades ficaria muito caro para a administração pública?
Primeiro é que Balneário Camboriú tem um dos metros quadrados mais caro do país, o que coloca no caixa da Prefeitura, proporcionalmente, muito mais recursos do que em qualquer outro município do Estado.
O segundo ponto é que muitas das moradias da cidade sequer são ocupadas e acabam servindo apenas de imóveis de fim de semana ou de temporada, mas mesmo assim a Prefeitura arrecada sem que os serviços públicos sejam usados pelos proprietários.
Em BC, o transporte público atinge um número muito maios de usuário devido ao grande número de prédios e apartamentos em uma mesma região, o que diminui muito o custo do transporte público.
Na hora de fazer o cálculo da passagem, a geografia do município também é levada em consideração. Balneário Camboriú praticamente não tem morro e esse é um fator que também diminui o valor da passagem do ônibus.
Balneário Camboriú é a penúltima cidade em tamanho territorial, o que facilita muito para a empresa faça a cobertura de todos os bairros com o transporte público.
SEM COMPARAÇÃO
Então, cidades como Florianópolis, Criciúma, Blumenau e São José o custo para a Prefeitura Municipal de um transporte público gratuito poderá deixar essa proposta praticamente inviável para o próximo prefeito da sua cidade.
E neste único caso, ou ele não vai cumprir a proposta no sem mandato, ou terá que torar dinheiro de outra área para custear o transporte público gratuito ou vai criar um novo imposto para que todos paguem uma fatia dessa nova fatura.
O problema é que se fala muito em transporte gratuito, mas não se fala em melhorar o que já se tem. As empresas permissionárias diminuem as linhas para diminuírem o custo e manterem o lucro e evitam de todo jeito de colocar ar-condicionado em todos os ônibus.
Elas também não querem nem ouvir falar em receber o valor da passagem ou da recarga do cartão através de cartões de crédito ou débito para não precisarem pagar as taxas das operadoras, o que muitas vezes dificulta para as empresas e usuários, que tem que pagar somente em dinheiro ou no máximo através de Pix.
Enfim, muito cuidado com o que os candidatos prometem, pois eles precisam explicar também como todas as propostas serão pagas pelo morador da sua cidade, até porque, como diz o ditado, “não existe almoço grátis” na hora de receber um serviço público no município porque tudo é pago por todos, de uma forma ou de outra.
Com os devidos créditos a Bruno Win pela mesma análise realizada antes dessa postagem.