Na semana passada o governador Jorginho Mello (PL) convidou a bancada federal do Partido Liberal para um jantar na Casa d´Agronômica.
Dos sete nomes do PL em Brasília, apenas o senador Jorge Seif, a deputada Daniela Reinehr e o deputado Ricardo Guidi compareceram no encontro. Caroline de Toni, Daniel Freitas, Júlia Zanatta e Zé Trovão não apareceram.
Dos quatro ausentes, Zé Trovão já era esperado por ter uma atuação partidária mais independente e não costuma aparecer nesse tipo de encontro.
Mas os demais já mostram que estão incomodados com a atuação do governador desde a montagem das nominatas para as eleições municipais de 2024. Vale lembrar dos ataques sofridos pela ex-prefeita Adeliana Dal Pont, que foi uma escolha de Jorginho Mello para São José, mas acabou minada por um grupo que não aceitava seu nome no partido.
E agora, com o acordo que fez com o deputado federal e presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, a coisa parece ter ficado pior.
Tudo porque o também deputado federal Jorge Goetten, que saiu do PL para presidir o Republicanos de Santa Catarina, tem recebido de Jorginho Mello mais espaço na agenda e o próprio Republicanos também tem sido tratado com mais zelo do que o próprio PL catarinense.
Sem contar que o governador de Santa Catarina tem se fechado no seu grupo familiar, e aí leia-se os filhos Filipe e Bruno Mello, para tomar as principais decisões do seu governo e também da estratégia para as eleições de 2026.
Outro ponto que tem incomodado o núcleo bolsonarista do PL é o acordo feito com o MDB de Santa Catarina, que acabou abrindo mais espaço para o partido no Governo do Estado e dará um maior protagonismo para Carlos Chiodini (MDB) em Brasília.
Os bolsonaristas não entendem como Jorginho Mello se alie com um partido que faz parte da base de apoio do presidente Lula, tendo três ministérios no Governo Federal.
Jorginho Mello evita Luiz Inácio Lula da Silva como o diabo foge da cruz, e por isso vai precisar do MDB para que Santa Catarina receba os recursos necessários para que seu governo entregue as obras prometidas na campanha de 2022.
Com a parceria do MDB e PL, Chiodini vira secretário de Estado e abre a sua cadeira de deputado federal para o suplente Luiz Fernando Vampiro, que por coincidência é do sul do Estado como dois dos três deputados federais do PL descontentes.
Hoje o sul de Santa Catarina tem 4 deputados federais (Daniel Freitas, Luiz Fernando Vampiro, Geovânia de Sá e Júlia Zanatta) e ainda pode ter na próxima eleição, em 2026, o deputado estadual Júlio Garcia (PSD) buscando uma cadeira por lá, já que não quer mais ficar na Alesc.
São 5 nomes de peso buscando votos pelo mesmo cargo na mesma região, o que inevitavelmente pode fazer alguém sobrar e ficar pelo caminho.
Então até nisso o trabalho e a estratégia montada por Jorginho Mello pode privilegiar ou desprezar nomes que ele entenda que estão ou não com ele na sua reeleição.
A eleição municipal mostrou que a figura de Jair Bolsonaro não é garantia de vitória, pois as lideranças locais acabaram tendo mais força do que pousar na foto com o ex-presidente.
Como seguro morreu de velho, Jorginho Mello trabalha fazendo o dever de casa para não ser surpreendido pelo acaso e vai acabar trazendo para a sua coligação pessoas que ele entenda que possam somar e não dividir. O governador é um político experiente e sabe muito bem que não adianta ficar velando defunto ruim. Então, vida que segue.
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