Nos dois últimos anos em Blumenau a falta de água tem se tornado um problema corriqueiro e muita gente tem sofrido com a torneira seca nas suas casas.
A última vez que a cidade teve um colapso no abastecimento de água como o atual foi em 1989, na administração do prefeito Vilson Kleinubing (PFL). Naquele ano, um novo Plano Diretor do Abastecimento de Água começou a ser implantado na cidade, onde a Eta 2 passou de 450 para 840 litros por segundo.
Depois, na gestão do prefeito Renato Vianna (PMDB), foram construídas em menos de quatro anos a Eta 3, no bairro Progresso, e a Eta 4, na Vila Itoupava, com recursos próprios do Samae e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde se resolveu o problema da falta de água em Blumenau.
De lá para cá, nada mais foi feito e em 2024 chegamos novamente no colapso do sistema. Na terça-feira, 10, o prefeito Mário Hildebrandt (PL) deu uma entrevista para o jornalista Rodrigo Vieira, da rádio Menina FM, e disse que, quando ainda era vice-prefeito, foi solicitado um recurso do Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata) para a construção da Eta 5.
Disse também que só agora, em 2024, conseguiu assinar a ordem de serviço para a nova estação de tratamento. Mário falou que nesses quase sete anos da sua administração planejou a obra da Eta 5, planejou as obras da Eta 2, planejou um projeto para a Eta 1, planejou a as obras para a Eta 3 e nada mais.
Só que neste mesmo período, vimos o Samae envolvido na Operação Soldo Inflado, vimos a polícia civil prender pessoas por suspeita de envolvimento em um esquema de fraude em licitação e superfaturamento na contratação de empresa para roçada e limpeza geral das áreas de imóveis da autarquia, vimos um diretor-presidente sendo acusado de atirar na casa de outro secretário municipal e vimos um suposto esquema de corrupção na compra de areia para o Samae.
O atual diretor-presidente do Samae, André Espezim, que está na autarquia pela segunda vez, esteve também na terça-feira na Câmara de Vereadores para falar do constante problemas de falta de água em Blumenau.
Usou o mesmo discurso do prefeito de que serão feitas obras para resolver o problema, disse que foram contratados três grandes reservatórios, que foi instalado um boosters para aumentar a pressão e a distribuição de água e falou que o Samae teve um incremento na arrecadação, totalizando quase R$ 105 milhões disponíveis para serem aplicados na manutenção da estrutura e contratação de melhorias.
Ele ressaltou que a autarquia contratou um escritório de advocacia para colocar em prática medidas de compliance para garantir a segurança jurídica e evitar corrupção nas operações.
Enfim, ambos fazem belos discursos que deixam claro que não faltou recursos no Samae para resolver o desabastecimento de água em Blumenau. Mas como este não era o foco do prefeito, a cidade hoje paga uma conta que ainda terá muitos boletos a serem quitados até que a água chegue nas torneiras.
O problema dentro do Samae é tão grande que o prefeito eleito Egídio Ferrari (PL) se viu obrigado a colocar como futuro diretor-presidente da autarquia um policial civil.
Esperamos que os próximos prefeitos tenham aprendido com o que aconteceu nesses últimos sete anos, onde se teve gestões desastrosas no Samae que acabaram sendo acobertadas pelo clientelismo e medo de resolver algo que todos sabemos como aconteceu.
Adicionar comentário