A bancada do Vale do Itajaí implodiu e já não há mais clima para entendimentos

No dia 23 de agosto de 2023 nove deputados estaduais de Santa Catarina criaram a bancada do Vale do Itajaí. Fazem parte dela as deputadas Ana Campagnolo (PL) e Paulinha (Podemos) e os deputados Carlos Humberto (PL), Emerson Stein (MDB), Ivan Naatz (PL), Marcos da Rosa (UB), Napoleão Bernardes (PSD) e Oscar Gutz (PL). O ex-deputado Egídio Ferrari (PL) também fazia parte da bancada, mas como se elegeu prefeito de Blumenau, foi substituído na Alesc pelo suplente Junior Cardoso (PRD).

O deputado estadual Oscar Gutz foi eleito o coordenador da bancada, mas numa segunda reunião, em que não estavam presentes a deputada Ana Campagnolo e o deputado Naatz, ele cedeu a coordenação do grupo para a deputada Paulinha.

Com isso, na reunião do dia 18 de março, Naatz disse não reconhecer a legitimidade da coordenação de Paulinha. Segundo a deputada do Podemos, Naatz teria dito que “a Paulinha aplicou um golpe sobre os membros da bancada. O almoço será indigesto porque não indicamos você para coordenar esse período. Pode ter certeza de que vai ter por que você operou um golpe contra os colegas. Você como sempre atropelando os colegas, desrespeitando acordos”.

Segundo ela, Naatz teria afirmado também que não participaria mais das reuniões da bancada “enquanto não resolvida a questão do golpe que a Paulinha aplicou no grupo”.  Paulinha entendeu que essas falas acabaram soando como uma agressão contra ela por ser mulher.

Diante da repercussão, a deputada Ana Campagnolo se manifestou na tribuna na sessão da Alesc de terça-feira, 1º, dizendo que “hoje é um dia muito inusitado na minha vida pública porque nunca imaginei que subiria nessa tribuna para defender o deputado Ivan”.

Segundo ela, o caso entre Ivan Naatz e Paulinha é uma questão de justiça. Ana também não concorda com a liderança de Paulinha na bancada do Vale e diz que ela se comparou as mulheres vítimas de violência real porque foi contrariada em uma bancada. “Se vitimizou aqui na tribuna”, disse Ana.

Campagnolo leu uma lista de acusações feitas por Paulinha na tribuna. Segundo Paulinha, Naatz é “manipulador e intimidador, disse que Ivan precisava de ajuda psicológica, disse que o deputado Ivan era um homem de impulsos violentos e precisava tratar e disse que Ivan cometeu um crime”.

Para Ana Campagnolo, a deputada Paulinha usou a condição de nascimento sexual para se vitimizar na tribuna, pois para ela “orgulho e mérito se têm naquilo que se faz com esforço e a condição sexual é condição de nascimento”.

Ela citou também que Paulinha e a deputada Luciane Carminatti (PT) encamparam um projeto para que a lei federal 14.192/2021 fosse difundida nas redes sociais dos deputados estaduais da Alesc.

Campagnolo entendeu que essa lei a trata como “uma inepta, uma incompetente, incapaz de me defender e de argumentar sobre meus projetos e meus interesses e minhas ideias”.

Ela vê um risco grande na lei de violência política de gênero, pois não há uma definição no que se enquadra na normativa federal por ser genérica, pois para Campagnolo, o deputado homem fica impedido de discordar de qualquer deputada mulher porque pode ser enquadrado nessa lei.

Fato é que a Bancada do Vale rachou e dificilmente vai trabalhar unida novamente porque há mais que uma discordância de comando, mas sim uma rixa histórica entre deputados que dificilmente vai permitir que todos remem para o mesmo lado.

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