Assessoria de Jorginho Mello cria narrativa para diminuir o desgaste no caso Carol de Toni

Se tem um dia que o governador Jorginho Mello (PL) queria que não existisse era a última quinta-feira, 23. Neste dia o MDB nacional cogitou aceitar indicar o vice de Lula em 2026, a Neokemp divulgou uma pesquisa que mostra que o governador caiu quase 6% comparado com setembro e a deputada federal Carol de Toni colocou Jorginho contra a parede.

Sobre o MDB, como o governador de Santa Catarina vai explicar que tem um vice do mesmo partido que Lula na eleição do ano que vem? Se isso se confirmar, muito provavelmente os bolsonaristas o abandonarão.

Já sobre a pesquisa, os números mostraram a consolidação de Jorginho na primeira colocação, mas com uma queda de 5,8% (tinha em setembro 47,1% e em outubro aparece com 41,3%) e uma rejeição de 21,33%, ficando atrás apenas de Afrânio Boppré, do Psol.

Já sobre a deputada federal Caroline de Toni (PL), ela deu uma entrevista para a Rádio Princesa, de Xanxerê, e disse com todas as letras que vai esperar o sim de Jorginho Mello até março de 2026. Se ela não for a escolhida para a segunda vaga ao Senado, sairá do PL.

Disse também que Jorginho foi na casa dela este ano e prometeu que Carol seria candidata a senadora do PL de Santa Catarina. Só que Jair Bolsonaro jogou água no chope do governador e fez ele engolir a seco Carlos Bolsonaro como candidato a senador aqui no Estado.

O problema é que Jorginho quer o tempo de TV da Federação União Progressista (União Brasil e PP) e a condição é colocar Esperidião Amin numa das vagas ao Senado na sua coligação. Então o governador esperava que Carol de Toni fosse subserviente a ele e aceitasse concorrer novamente como deputada federal em 2026.

Só que a mesma pesquisa que mostrou a queda de Jorginho, mostrou a consolidação do nome dela ao Senado, se mantendo a frente de Amin e empatando tecnicamente com Carlos Bolsonaro na primeira colocação.

Diante desse fato, ela não recuou e disse na entrevista que vai ser candidata ao Senado de qualquer jeito. Disse também que sai do PL e vai se filiar em outro partido que não tenha cacique.

Carol não tem mais como recuar da candidatura ao Senado para disputar outra vez a Câmara Federal porque já se comprometeu com muitos pré-candidatos a deputado federal, de vários partidos, que os apoiaria em troca do apoio deles para a vaga de senadora por Santa Catarina.

Diante da enorme repercussão criada com a fala de Caroline de Toni, a assessoria de comunicação de Jorginho Mello se viu obrigada a criar um discurso para atenuar o quadro negativo que se instalou na candidatura à reeleição do governador.

Já na manhã de sexta-feira, 24, já se ouvia muitos âncoras de programas de rádio comentarem que a culpa de Carol de Toni ser preterida no PL não era de Jorginho, mas sim de Jair Bolsonaro que exigiu que seu filho fosse candidato a senador em Santa Catarina.

Essa narrativa foi sustentada até a noite, no encontro do Republicanos, onde o deputado federal e presidente estadual do partido, Jorge Goetten, também usou desse argumento para tentar “livrar a cara” de Jorginho Mello desse imbróglio político.

O próprio governador tentou colocar panos quentes nisso, dizendo que não precisa usar a imprensa e não quer que use a imprensa nenhuma para dar mensagem ou recado.

Mas a tensão dentro do PL continua, pois um deputado estadual do partido chegou a publicar no “X” a frase “este partido tem um líder e ele se chama Jorginho Mello. Quem desejar ficar por aqui deve saber disso”.

Carol de Toni, Esperidião Amin e Jorginho Mello visitaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e todos ouviram dele que Carlos Bolsonaro será candidato a Senador em Santa Catarina e que ele vai apoiar Carol de Toni onde quer que ela esteja.

Jorginho também vai insistir na escolha e Amin porque não quer perder o PP e o União Brasil, mesmo estes partidos ainda não garantirem no apoio ao nome dele em 2026.

Então, restará a Carol de Toni sair do PL e ir para um partido que dê a condição dela ser candidata ao Senado. E diferente do que todo mundo pensa, ela não cogita uma filiação no Republicanos, pois quer uma legenda sem a mão forte de um cacique político.

Pois bem, Carol de Toni hoje tem portas abertas em muitos partidos, mas ela não vai para partidos da base de Lula, como o MDB, PP, União Brasil e PSDB. Se a abertura da janela partidária iniciasse hoje e ela tivesse a certeza de que não seria a candidata ao senado do PL, o partido Novo seria a sua nova casa.

Mas mesmo não tendo feito nenhum convite, o PSD está só observando para ver onde a briga de Carol de Toni e Jorginho Mello vai dar. Ela e João Rodrigues são de Chapecó, representam o Oeste do Estado e ele lhe daria a garantia que ela teria total liberdade para tocar a campanha como achasse melhor.

Sem contar que João Rodrigues é amigo muito próximo de Jair Bolsonaro e ambos teriam o aval do ex-presidente para essa aliança.

Mas Jorginho é um político de longa data e vai tentar manter Amin e Carol de Toni do seu lado. Se não conseguir, vai escolher Amin e vai pagar pra ver até onde vai a força política da deputada federal que já mostrou que não recua e que, se precisar, bate de frente com o governador do Estado para chegar aonde quer.

Hoje o cenário é este, mas como na política tudo muda de acordo com os ventos, ninguém garante nada até o registro das candidaturas, em 2026.

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